Há
tardes em que ele vai à praia e fica a ver o sol por-se no horizonte. E rala-se
com as angústias ontológicas da humanidade, ele que, enquanto adolescente, as
vive à flor da pele muitas vezes exacerbadas. Reflecte sobre a efemeridade da
existência, ou como ser popular no liceu. Sobre a unidade necessária do Cosmos
infinito, apesar das tendências que o afastam da rapariga rebelde da turma,
sociopata e pirómana, pária como ele. Da fragilidade
da superstrutura social, abalada com profundos golpes de
sentimentalismo nas suas instituições seculares, como o casamento dos seus
pais.
Há a cena em que ele e a rapariga passam dias infinitos a
vadiar no mais puro (e marginal) estoicismo mundano. Mãos dadas à beira d’água,
e rebentar foguetes no céu industrial sem estrelas, espreitar por um
caleidoscópio e multiplicar o momento, carpe diem vezes seis – na cara dela os
óculos de corações vermelhos à luz da pólvora a faiscar. E pensar que tudo
começou com a polaroid de um beijo forçado tirada ao rancor de um affair
atraiçoado.
O cenário é o País de Gales dos
anos oitenta, o protagonista chama-se Oliver Tate. Um adolescente a falar da
vida. Ninguém melhor, porque na adolescência a vida é particularmente
fodida. Imaginem Wes Andreson na Inglaterra tweedy da Tatcher (ela outra
vez, em tão poucos filmes). E esperem, que o filme em Portugal só estreia em
Setembro. Mas Submarine é
dos melhores non-teenage movies sobre a adolescência que já vi.
publicado em 16.06.2011