Nesta minha
nova aventura pelo turbulento terreno da sociologia, muni-me de precauções
especiais (dada a perigosidade desta empresa) e levei comigo um ser
perfeitamente alheio ao ambiente experimental: um aluno da Faculdade de Belas
Artes que, até ontem, considerava-se meu amigo (as implicações que a sua exposição
ao ambiente estudado terão na nossa amizade fazem, como o leitor compreenderá,
parte dos resultados científicos da experiência).
Do jantar em si
não me alongarei muito, apenas direi que decorreu com a javardice
habitual de qualquer concentração que reúna, no mesmo espaço e à mesma hora,
mais de três alunos da FEP.
Enchido o
bandulho, optei por não expor em demasia o meu companheiro àquele ambiente
neo-medieval e, por isso, viemos embora antes que uma necessidade abrupta de
tornar o átrio da faculdade num enorme chavascal afectasse “potencialmente” 267
pessoas (a população do estudo).
Já no carro,
perguntei-lhe o que tinha achado do jantar, ao mesmo tempo que improvisava um
bloco para tirar notas. “Foi interessante”. Pedi-lhe que
desenvolvesse aquela resposta, mas o seu olhar reprovador fez-me recordar, em
alguns nanossegundos, o nível de degredo a que havia sujeitado este ser, qual
cândida virgem violada pelo mais bruto dos cafajestes.
Tinha
escarrapachado na cara a mesma indignação comum a todos os alunos de artes:
“Com que moral é que vocês nos chamam de freaks?!”
Moral… o que raio é isso?
Moral… o que raio é isso?
publicado em 18.12.2008