Experiência sociológica nº 529: Jantar de Natal da FEP



Nesta minha nova aventura pelo turbulento terreno da sociologia, muni-me de precauções especiais (dada a perigosidade desta empresa) e levei comigo um ser perfeitamente alheio ao ambiente experimental: um aluno da Faculdade de Belas Artes que, até ontem, considerava-se meu amigo (as implicações que a sua exposição ao ambiente estudado terão na nossa amizade fazem, como o leitor compreenderá, parte dos resultados científicos da experiência).
Do jantar em si não me alongarei muito, apenas direi que decorreu com a  javardice habitual de qualquer concentração que reúna, no mesmo espaço e à mesma hora, mais de três alunos da FEP.
Enchido o bandulho, optei por não expor em demasia o meu companheiro àquele ambiente neo-medieval e, por isso, viemos embora antes que uma necessidade abrupta de tornar o átrio da faculdade num enorme chavascal afectasse “potencialmente” 267 pessoas (a população do estudo).
Já no carro, perguntei-lhe o que tinha achado do jantar, ao mesmo tempo que improvisava um bloco para tirar notas. “Foi interessante”. Pedi-lhe que desenvolvesse aquela resposta, mas o seu olhar reprovador fez-me recordar, em alguns nanossegundos, o nível de degredo a que havia sujeitado este ser, qual cândida virgem violada pelo mais bruto dos cafajestes.
Tinha escarrapachado na cara a mesma indignação comum a todos os alunos de artes: “Com que moral é que vocês nos chamam de freaks?!”
Moral… o que raio é isso?


publicado em 18.12.2008