Argo drink to that


Que porra de filme. Uma crise diplomática fodida com fanáticos religiosos e estudantes maoístas que ameaçam matar tudo que cheire a imperialismo , e face a isto a maior agência de espionagem do mundo decide contratar dois artolas dos filmes para encenarem um esquema à portuguesa, trocando robalos por seis americanos clandestinos em Teerão, ou melhor seis diplomatas refugiados na casa do embaixador do Canadá (o país mais conas do mundo, que ainda acaba por ficar com os créditos do esquema); e lá vão eles enganar meio mundo e ainda convencer a Variety que vão rodar um (possivelmente muito lame) sci fi movie nas planícies lunares da Pérsia e nos bazares explosivos do Irão. Depois há pressões diversas, políticas, burocráticas, hierárquicas, psicológicas, sentimentais, e outras, ou as mesmas por outros nomes, que espicaçam ainda mais a delicada inviabilidade do esquema, vergando-o à plausibilidade. Mas sem sucesso. Em Hollywood não há porra alguma que seja remotamente plausível ou viável, muito menos uma cena de perseguição policial [a policia iraniana, gajos nos capôs dos carros com kalashnikovs e etc] a um avião a levantar voo [Swissair rumo a Zurich, um Boeing qualquer coisa]. E, por isso, tudo acaba pelo melhor; porque na realidade as merdas mais rebuscadas, quando correm bem, e são irrepreensivelmente adaptadas ao cinema (vénia, Sr. Affleck, Sr. Terrio), resultam em filmes que são tão simplesmente do caralho. Como a própria realidade, de resto.
E, finda a aflição, salvas seis vidas da tortura e da morte, com um descaramento certeiro ainda têm a puta da lata de gozar com a crise a muitos nervos ultrapassada:
– What starts in farce ends in tragedy.
– No, [the saying is] the other way around…
– Who said that exactly?
– Marx.
– Groucho said that?

Foda-se, Argo. Porra pra vós!




publicado em 08.01.2013